Por JC Online
O consórcio da Amupe está fechando a compra dos testes. A testagem rápida pode ajudar na prevenção e intervenção, como diz o presidente da Amupe, José Patriota.
O presidente da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe), José Patriota (PSB), anunciou que o Consórcio da instituição está adquirindo, via licitação, a compra de 500 mil unidades de teste tipo swap – os quais são usados para ver se o paciente está contaminado pelo coronavírus – que poderão ser divididos, proporcionalmente, com todos os municípios do Estado. “Não dá para pegar um material e passar 15 dias esperando para saber se o cidadão está ou não está (com a covid-19). É a grande solução, porque com 30 minutos já sabe direcionar o paciente, se vai ficar em casa ou não. A demora do exame tem influência muito grande na prevenção, na intervenção. É uma grande vitória para todos os municípios”, afirmou Patriota, em entrevista à Rádio Jornal na manhã desta segunda-feira (14). Ele também defendeu que o gestor municipal tem que “ter coragem” ao defender que as medidas restritivas devem ser adotadas pelo município, quando necessárias.
Ao defender que os prefeitos devem implantar medidas restritivas mais rígidas, ele argumentou que “ser gestor não é só ser aplaudido, aparecer apenas na hora boa, tem que ter a responsabilidade com a vida das pessoas, porque isso fica marcado. Se eu me baseio na ciência, não tenho vacina, que é a imunização, e a minha estrutura hospitalar está a ponto de estrangular. Não tem outra medida recomendada pela ciência”, se referindo ao lockdown, muito criticado por prefeitos, principalmente no Agreste, onde uma das principais atividades são as feiras de confecções. Ele disse que no Sertão do Pajeú não ocorreram grandes problemas com as regras mais rígidas que resultaram no fechamento de muitas atividades. “Temos pesquisas que mostram que 80% da população apoiam estas medidas”, comentou.
Vários municípios do Sertão estão com medidas restritivas a partir desta segunda-feira (14) que devem ir até o dia 20 de junho. “Hoje (nesta segunda-feira (14), por felicidade amanhecemos com vagas de UTIs em Afogados da Ingazeira e em Serra Talhada. Estamos com 90% de ocupação nas UTIs. E nos leitos clínicos, estamos com uma ocupação de 80%. Não podemos deixar estrangular, vamos aguardar como se comportam os primeiros dias desta semana”, revelou. O Sertão e o Agreste apresentaram um quadro maior de contaminação pela covid-19, aumentando a demanda por leitos nos hospitais nas últimas semanas.
Para Patriota, a vacinação avança no Sertão. “Estamos na faixa dos 50 e alguns municípios avançando na faixa dos 40 anos na próxima semana. Provavelmente, São José do Egito e outros municípios vão começar na faixa dos 40, além dos grupos prioritários”. Ele disse se sentir esperançoso com o avanço da imunização, que está chegando aos poucos. E acrescentou: “a parte dos professores de educação teve município que zerou. Quem não zerou já está perto de concluir esse grupo e ao mesmo tempo ir tocando a redução da faixa de idade”. É muito importante a vacinação dos profissionais da educação para que a volta às aulas se consolide. Nesta segunda-feira (14), o governo de Pernambuco anunciou que alguns municípios do Sertão devem receber a vacina da Janssen pra aumentar o percentual da população imunizada naquela região. Esta imunização ocorre em dose única.
PREOCUPANTE
Segundo Patriota, o que mais preocupante é a população que está em vulnerabilidade, porque várias medidas que poderiam ocorrer para ajudar estas pessoas a sobreviverem não estão acontecendo. “Só no Sertão, no CadUnico – Cadastro de Assistência do governo – tem 1.142.000 (um milhão e 142 mil pessoas), 258 mil no bolsa família e 31 mil pessoas numa extrema pobreza”. Segundo o presidente da Amupe, a maioria delas não está recebendo os R$ 250 do bolsa família. “É preciso que o Estado, município e União garantam a sobrevivência dessas famílias. Tinha que ter medidas de crédito para pequenas e médias empresas. No mundo inteiro é assim. É uma pandemia, uma guerra, não tem outra forma”, resumiu.
Ainda de acordo com Patriota, existem 10 mil famílias que atendem todos os critérios para estarem no bolsa família no Sertão do Pajeú, Moxotó e Sertão Central, mas não conseguem ter acesso ao benefício que está de portas fechadas. “Os recursos que viriam para o município na área de assistência social estão atrasados, não se tem notícia. O governo federal mandou oferecer, pelo ministério da Cidadania, uma cesta básica, os municípios se cadastraram há mais de dois meses, mas não temos respostas. O programa de aquisição de alimentos há 60 dias está atrasado”, lamentou. E concluiu: “não tem outro jeito. A prioridade absoluta é agilizar a vacina, cuidar das pessoas, auxiliar o Estado nas restrições e ajudar na alimentação dessas famílias com cesta básica, como os gestores podem”.