CNM defende no STF a manutenção de dispositivo que garante federalismo cooperativo em reunião da Comissão Especial de terras indígenas

24 de outubro de 2024

Em mais uma audiência no Supremo Tribunal Federal (STF) para debater a demarcação de terras indígenas, a Confederação Nacional de Municípios (CNM) defendeu nesta quarta-feira, 23 de outubro, a participação dos Entes locais de forma mais atuante a respeito de pontos importantes da Lei 14.701/ 2023, conhecida popularmente como a Lei do Marco Temporal. A entidade municipalista solicitou a manutenção do art. 5º da legislação que consolida o federalismo cooperativo.

Ao representar o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, o consultor jurídico Ricardo Hermany enfatizou que o Município, em conjunto com os demais entes, são os responsáveis pela prestação de políticas públicas aos povos indígenas. Nesse sentido, o municipalista deixou clara a sua divergência sobre possíveis inserções de outros dispositivos da Lei 14.701/2023 que retiram a participação dos Entes locais.

“Verifico das ações uma inconstitucionalidade específica em relação à participação dos Municípios. É importante que esse artigo 5º fique mantido, no sentido de que de fato a participação do Município não seja apenas uma depois para contestar, mas para ajudar a construir. Estou fazendo aqui uma pequena divergência em relação a alguns parágrafos, para dizer que o Município não tem lado. É preciso que todos estejamos sob a égide do texto constitucional e das orientações estabelecidas aqui pelo ministro Gilmar Mendes”, disse Hermany.

O representante da CNM ainda mencionou na sua participação o eBook que será disponibilizado pela Confederação. O material destaca a pesquisa feita pela Confederação em que aponta, parcialmente, que são 492 Municípios diretamente impactados com a questão da demarcação de terras indígenas. O estudo também indica ainda que em 34% das prefeituras há informações sobre políticas públicas específicas para os indígenas.

Nesse sentido, a entidade municipalista tem atuado para que essas cidades recebam o apoio do governo federal no repasse de recursos que possam viabilizar o atendimento aos povos indígenas. “Transformamos o nosso estudo em um ebook, onde a gente trabalha justamente essa questão (políticas públicas para os indígenas), os problemas em relação à saúde, os problemas em relação à merenda escolar. Tudo é absolutamente subfinanciado e isso passa a ser uma obrigação do Município”, ressaltou. O eBook deve ser apresentado pela entidade municipalista na próxima audiência que debate o tema no STF.

Observatório
Como forma de contribuir com os debates e esclarecer os gestores e a sociedade, a Confederação também vai disponibilizar um Observatório de Terras de Povos Originários. A intenção é de que a ferramenta tenha opções para a consulta de decisões e pautas judiciárias e legislativas sobre o tema.

 

Da Agência CNM de Notícias


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